A família e a "crise do cuidado"
- Comunica Franciane Bayer
- 15 de mai. de 2023
- 2 min de leitura

Sem famílias sólidas, construídas sobre valores morais, afetividade e amor, não há esperança de uma nação desenvolvida, justa e próspera. Na verdade, sem família, não haveria nem civilização. A vida começa e se desenvolve no seio familiar. Um país nada mais é do que uma grande associação de famílias, unidas em comunidades, bairros, cidades, estados. Não é por acaso que a Constituição Federal fixa a família como "base da sociedade", com "proteção especial do Estado". Assim, no Dia Internacional da Família, cabe questionarmos: o poder público cuida bem das famílias brasileiras?
Para começar, é preciso separar o cuidado necessário da intromissão desmedida — uma confusão muito comum quando se fala em ação estatal. Oferecer condições para que as famílias se fortaleçam e se desenvolvam não tem nada a ver com burocratas governamentais decidindo pelos pais sobre questões de educação, saúde, sexualidade e religiosidade. Parece óbvio dizer isso, mas não podemos nos esquecer de que há quem postule a proibição e criminalização da educação domiciliar, ainda que realizada de modo meramente complementar ao ensino formal.
Em vez de se ocupar de regular a vida de pais, mães e filhos, o Estado deve oferecer condições para que estes tenham uma vida mais digna e promissora. De fato, as políticas públicas deveriam se voltar para um problema que compromete seriamente a estrutura familiar: aquilo que especialistas têm chamado de "crise do cuidado". Acontece que, sem a natural rede de apoio familiar e comunitária com que contavam no interior ou no subúrbio, as famílias vivem hoje de modo atomizado nos grandes centros. Pais e (sobretudo) mães têm então de escolher entre trabalhar fora ou ficar em casa cuidando de suas crianças ou seus idosos.
Buscar recursos para a família e desassistir os hipossuficientes? Ou cuidar de quem precisa e desfalcar o caixa familiar? Sem políticas públicas resolutivas, não há saída para esse impasse. Algumas medidas são simples. Por exemplo: bancos de talentos regionalizados, para que mães encontrem trabalho de meio-turno perto de casa, sem ter de perder horas se deslocando. Ou a inclusão do tempo de cuidado materno no cálculo da aposentadoria da mulher. É preciso mais vontade de resolver e menos ânsia por regular a vida de quem é responsável por cuidar da base da nação e da civilização. Deputada Federal Franciane Bayer, Republicanos, Rio Grande do Sul
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